terça-feira, 30 de novembro de 2010

desvestir



Ilustração e Texto do livro "Poemas para Sonhar" - Larousse
Tirei meu chapéu de Savana,
pleno de leões e girafas.

Minha blusa de Paris,
com rio Sena na costura,
arranquei.

Joguei longe
minhas meias Disneylândia...

Puxei para o chão
meu calção, com bolsos
dos jardins de Copacabana.

Fiquei livre,
com minha pele de menino.
Dei um salto Guarani
no rio daqui,
meu Solimões

Nadei Feliz.



terça-feira, 23 de novembro de 2010

Biscoito Fino 1



Ilust. de Carla Caruso

Lógica

“A preguiça lentamente,
Lentamente a balançar,
Parece dizer à gente:

_ ora essa!
_  ora essa!

Sou eu que vou devagar
Ou você que vai depressa?”

Poema de Sidónio Muralha (1920-1982). 










Suas obras poéticas:

Bicho, bichinhos e bicharocos (1950)
A televisão da bicharada (1962)
A dança dos pica-paus (1976)
Voa, pássaro, voa (1978)
Film en couleur (1981)


Os posts "Biscoito Fino" apresentam poetas que gosto muito e ilustrações que faço especialmente para os poemas.









sábado, 20 de novembro de 2010

Zumbi dos Palmares

Um menino

“omodê olú ojú
Babá lorum ojú modê
Irãn lo wô kurim modê
Babá bukun
Lojô jú mó
Olowô...

Traduzido do ioruba, significa:

“A criança abriu os olhos para a terra
Pai do céu, olha para a criança
Protege este menino
Pai, abençoa ela
Todos os dias...”

Não se sabe se era noite ou dia do ano de 1655. Se a chuva molhava as terras da fértil montanha azul. Seria um dia em que as folhas ficavam secas e voavam pela mata?
Numa das povoações, em alguma casa de uma amorosa mãe preta, ouvia-se um choro. Era  um menino, que passaria para a história do Brasil...
Um grande herói, talvez o último guerreiro do grande quilombo.

  ( Trecho do livro Zumbi, o último Herói dos Palmares). Callis, Editora

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Bruxa à solta

Bruxa


Meia noite,

escuridão.

Sopra o vento,
escura sombra,
fio de voz,
bizarro som

Enrugada e branca,
longas unhas de mãos grandes.
Na janela mostra o rosto,
e a boca enegrecida
solta um  suspiro esquisito
preto grunhido







Quer entrar
naquela casa,
pra roubar mais um menino,
bem quentinho
em seu abrigo.

Maga, bruxa, feiticeira,
das noites longas a vagar,
em busca de mais um pequeno
para seu castelo levar.

Horrenda verruga no nariz,
com pelo de espetar,
balança pendurada
enquanto caminha
a maga bruxa malvada...

Pela fechadura da porta
se encolhe,
escorrega a infeliz
para dentro do quarto,
passando por um triz.


Já bem perto da cama,
arregaça as mangas pretas,
e suas garras do horror
pálidas surgem,
com unhas afiadas
de cortar até o ar.

Mas o bagunceiro menino
deixa o carrinho
no meio do destino
daquela noite escura.

E um tropeção
joga a  bruta senhora  para o chão!
Quebra o pé e o nariz
e vai-se embora sem demora

_ Bruto, bruxo menino!
diz  a maga dolorida.
E num piscar de olhos
desaparece em seguida.


( Texto e ilustração do livro: Poemas Para Assombrar - Editora Larousse).